terça-feira, 23 de junho de 2009

TABELA PERIÓDICA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL


No ensino médio, em grande parte das escolas a tabela periódica é trabalhada de maneira a ser um glossário de informações úteis, não como uma construção histórica da ciência e um guia com referência às características dos elementos químicos. Pois as propriedades gerais são muito mais valorizadas que o conhecimento dos elementos em si.
Buscando aumentar o nível cognitivo dos alunos em detrimento dos conteúdos cuja prendizagem é mecânica, bem como trazer a utilização dos elementos e seus efeitos nocivos ao meio ambiente propôs-se uma ação multidisciplinar sobre a tabela periódica utilizando como exemplo o efeito dos metais pesados, em especial o mercúrio, na cadeia trófica com o auxílio da biologia, para contextualizar os efeitos da Química no ambiente.O trabalho sugere uma abordagem integradora de conhecimentos para que dessa forma os alunos possuam um melhor embasamento para serem cidadãos mais aptos a exercer suas funções de fiscalizadores e agentesmantenedores do meio ambiente.

Um dos questionamentos mais freqüentes dos alunos do ensino médio diz respeito a utilidade do que está sendo ministrado em sala de aula, dúvida muito importante para o desenvolvimento de um espírito crítico. Mas tal pergunta ou é ignorada pela maioria dos professores ou não é respondida a contento, pelos mais diversos motivos.
O presente trabalho é uma tentativa de desenvolver uma noção de causa e efeito com a química do elementos, enquanto sua disposição na tabela periódica, em especial os metais pesados, de sua utilização e os problemas ambientais causados por eles. Valendo a pena ressaltar que entende-se meio ambiente como sendo o meio natural, com suas relações bióticas e abióticas, e as interações sócio-culturais dos seres humanos.

organizado da vida do aluno, para que se crie um grau de significância para o conhecimento e o mesmo não permaneça sem um ancoradouro mental. Sabe-se que tal posição encontra barreiras no conteudismo das escolas, dos pais e dos próprios alunos, movidos pelo crescente flagelo que constitui o vestibular, tal assertiva é confirmada pela maioria dos alunos, pois quando inquiridos sobre sua prioridades, perseguem como objetivo primário passar no vestibular e como objetivo secundário aprender. Tal visão torna ainda mais difícil o trabalho do professor pelas pressões exercidas pela sociedade. A abordagem dada à tabela periódica no ensino médio é estritamente decorativa e mecânica, pois a grande maioria dos alunos é “adestrado” para utilizar a tabela, decorando símbolos, variações de propriedadas e números que isolados não fazem qualquer sentido para a construção do conhecimento. Desta maneira a tabela é vista como um compêndio de dados para a resolução de problemas exclusivamente teóricos. Não que a tabela não tenha esse fim, mas tal reducionismo é subestimar a razão de existir da tabela periódica.
A tabela periódica como é abordada para o ensino médio privilegia apenas os elementos das ditas famílias “A” da tabela periódica pela antiga recomendação da IUPAC. Tal fato é explicado pelos elementos classificados como representativos seguirem perfeitamente as leis periódicas, conteúdo amplamente cobrado em vestibulares. Mas o cotidiano dos alunos não é apenas cercado dos elementos representativos, os elementos ditos de transição, que são a maioria na tabela periódica, estão firmemente relacionados com a vida diária de todas as pessoas.
É sabido que a química dos elementos representativos é complexa e não é objetivo desse trabalho que se busque conteúdos de nível superior para o ensino médio. Acredita-se que tal prática deve ser alterada pois enfatiza-se demais propriedades periódicas em detrimento de conteúdos mais significativos sobre os próprios elementos químicos. E tal necessidade vem do desejo de transformar o mundo e transformá-lo para melhor.
Tal chamamento está de acordo com a propósito da educação ambiental pois a poluição do meio ambiente significa compreender e tratar os recursos materiais como bens coletivos indispensáveis à vida e sua reprodutibilidade, então pode-se liga `a ciência ao meio ambiente. Ou seja, a tabela periódica e os metais, principalmente os pesados, sua ocorrência e as formas em que os mesmos podem agredir o meio ambiente.
Vale lembrar que a ciência é uma criação da mente humana, bem como uma necessidade da mesma e nessequadro podemos incluir a tabela periódica pois é uma construção histórico-científica da mesma.


A TABELA PERIÓDICA EM SALA DE AULA


Para que se possa trabalhar a tabela periódica, ou qualquer outro conteúdo, é necessário um trabalho interdisciplinar, pois o conhecimento e os fatos do cotidiano não são compartimentados, sua ocorrência afeta diversas áreas de conhecimento.
Pode-se abordar o caso do mercúrio (Hg), elemento químico conhecido desde a antiguidade e utilizado amplamente nos dias de hoje, a primeira representação são as garimpos mas também está presente na indústria e na agricultura. Pela tabela, podemos visualizar que tanto o mercúrio quantos os demais metais poluidores são ,instáveis e possuem tendência em estar ligados ao invés de isolados, tendência verificada pela maneira com que tais elementos se encontram na natureza, pode-se dessa maneira expandir o conceito puramente propedêutico dado à tabela periódica. Sabe-se que o mercúrio não ocorre naturalmente na fisiologia de qualquer ser vivo, como outros elementos, como o Cádimo (Cd) , chumbo (Pb), Cromo (Cr) e o arsênio (As), este último mesmo não sendo um metal é agrupado junto aos metais pesados pelo seu comportamento, sua presença é muito nociva ao ser humano, quando em suas formas catiônicas e ligados a pequenos grupos carbônicas. Entra em ação a bioquímica, uma associação entre a biologia e a química, pois o mercúrio possui fórmula catiônica Hg2+ e possui uma afinidade química pelo enxofre (S), elemento químico comumente presente em enzimas, entidades bioquímicas que controlam a velocidade de reações metabólicas importantes no corpo humano. Tal reação pode ser descrita pela equação (1)


2 R—S—H + Hg2+ ® R—S—Hg—S—R (1)
Em que se entende por “R” um grupamento carbônico que pode variar de acordo com a enzima.
Tais complexos formados pela reação (1) são estáveis, que impede a atuação ótima das enzimas, que porconseqüência causarão prejuízos ao organismo humano.
Outro fato que raramente é lembrado, ou ligado a tal questão é a crise energética. Pois o problema com a baixa dos reservatórios causado em parte pelo desmatamento em conjunto com assoreamento dos rios tem implicação direta na utilização direta dos metais pesados, pois as lâmpadas incandescentes que consomem mais energia, são substituídas por lâmpadas fluorescentes, que consomem menos, mas utilizam mercúrio para gerar luz e tais lâmpada sem o devido aterro para seu descarte contaminam o solo, os lençóis freáticos, o ar e todos os níveis da cadeia trófica, pelo seu caráter bioacumulativo. Tal polêmica mostra com clareza a ação do homem no meio e sobre ele mesmo trazendo a tona inclusive o modo de vida e a visão de mundo de produção capitalista e principalmente o sentido de obsolescência material incutido no mesmo gerador de um consumismo desdefreado.

Tal exemplo pode ser expandido para diversos elementos, inclusive para aqueles que não se enquadram na categoria dos metais pesados, suscitando uma discussão, dessa maneira fazendo com que a escola constitua seu papel formativo e informativo, bem como ajudar a formar cidadãos críticos e capazes de pensar e escolher um ambiente mais saudável para os mesmos.

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